quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eis-me aqui. Pela última vez, estou me despindo de todo o mundo que me cerca. As preocupações, os problemas, os prantos. Inclusive os teus. Despeço me das várias vezes em que fui despedaçada e, infelizmente, por mim. Fecho os olhos, cautelosamente, e visualizo em mim cada terno momento, para, enfim, esquecer. E assim, declaro o fim. Tendo um fim, deixa de ser um ciclo. Não sendo um ciclo, inexiste o recomeço. Sendo assim, ao despedir-me de tudo o que faz referência a o que fomos um dia, despeço-me do amor mais intenso e da ficção mais sonhada de toda a minha vida. Se achas que a juventude não me permite falar com propriedade, provas que realmente não decifrou-me. Sinto em mim, pela última e terna vez, o sorriso sincero - sim, eu o vi -, o olhar mais calmo, o tom de voz mais apaixonado. A inspiração talvez me vá, mas sei que volta. Espero, um dia, poder sorrir ao lembrar. Mas agora não. Por enquanto, quero poder bradar o esquecimento e a liberdade - tão sonhada! E, além de mim, eis aqui o último parágrafo sobre o que representou para mim. Se esquecemos o primeiro amor? É para isso que rezo. Dizem que o poeta só é bom quando sofre. Se a afirmação for real, despeço-me, acima de tudo, da qualidade poética. O coração alegre deixa de pulsar a cada sístole e diástole, fazendo agora apenas sua função vital. As têmporas já não vibram mais amor. E a última frase, a sinceridade escorrendo na ponta dos dedos indo-se com o último suspiro. Eu tentei.
Eu não joguei minhas fichas fora e nem parei de criar precezinhas na minha cabeça meio perturbada. Eu fiquei tentando lembrar se quando eu era bebê tinha algum indício de depressão. Dizem que quando a criança não dorme muito bem, se prejudica pelo resto da vida. Eu devo ter passado muitas noites em claro. Provavelmente isso prejudicou todo mundo. outra regressão talvez me fizesse mal e eu quase preciso disso pra voltar a escrever. o mal como um soco seco no estômago, quase puxando o vômito garganta acima. a verdade é que as coisas continuam as mesmas dentro de mim. eu ainda me olho no espelho com aquela ânsia, porque eu não passo duma mina putinha pra diabo. a diferença agora é que não preciso de mais amor do que já tenho, nem de bebida. só de me encarar fumando um cigarro. eu preciso do mal, que tá lá dentro da minha alma, indo pra fora e voltando diretamente pras minhas entranhas, de um jeito que me faça ficar doente. de um jeito que me leve diretamente pro inferno. porque dessa vez eu não vou pedir as contas. eu vou ficar lá. queimando.