sábado, 16 de julho de 2011

Dos Prazeres de Sofia - parte II

1 2 3.. testando

Porque eu resolvi sair com Caio? Ta ai uma boa pergunta, acho que eu estava mergulhada em um oceano de tédio quando ele me achou e como não havia mais nada pra fazer eu fui. Não lembro do dia exato mas era no mês de julho, estava muito frio.
Meu dia havia sido relativamente normal até o momento em que o encontrei, fiz o que uma garota perdida no mundo sempre fazia, fumava a desperdiçava meu tempo com besteiras. Nos encontramos perto de um mercado enorme lá pelas 19:30, ele com aquele skate velho e eu já tonta por ter fumado maconha.
Brigamos por alguma coisa idiota depois de 10 minutos de conversa mas mesmo assim resolvemos dar uma volta pelo centro da cidade, eu tenho certeza que ele achou essa ideia ridícula mas topou porque ficou com pena por ter me chamado de bêbada.
Particularmente, odeio ser chamada de bêbada. Apesar de ser uma verdade.
Compramos uns 40 reais em maconha no caminho quando passamos em frente ao prédio de um "amigo" dele. Nem sei quanto dava aquilo, mas foi o bastante pra me fazer esquecer da briga. Uns 500 metros a frente paramos em um desses bares vagabundos e compramos vodka e vinho. Ele sabia que eu gostava de vinho.
A próxima pergunta que esta escrita aqui fala sobre termos feito sexo em alguma parte da noite?! Que mentira deslavada! Não fizemos nada disso. Respeite-me senhor, sou uma bêbada e não uma prostituta.
Ok vou continuar..
Andamos até a praça central da cidade, era conhecida por ser habitada por drogados dos mais diferentes tipos. Sentamos lá e não demorou nem 5 minutos para que uns quatro amigos dele aparecessem por lá. Estavam carregando mochilas com bebidas e drogas para durar uma semana, mas acho que não duraram nem uma hora.
De inicio estava indo tudo normal, eu bebi e fumei muito mais, e em alguma parte da noite eu e Caio acabamos nos pegando em algum muro. Mas que fique claro que não passou disso!
Mais bebida, mais cigarro, mais maconha. Aquilo estava perdendo a graça já e então eles resolveram usar as drogas. Nunca fui a favor de drogas pesadas então recusei a oferta deles milhares de vezes. Lembro de todas as drogas que estavam em cima do banco: crack, heroína, cocaína, speed e oxi.
Ficamos mais ou menos uma hora curtindo aquela onda de músicas psicodélicas e jogando conversas sem o menor sentido fora. Lembro até que acabei pegando um amigo do Caio, não lembro o nome dele mas lembro dos dreads e das tatuagens, lembro de cor as 17 tatuagens...
Não, também não passou disso, eu juro que não fiz sexo naquela noite.
Quando eu decidi usar? O que eu usei? Achei que já tivessem lhe dito essas coisas, mas tudo bem eu explico melhor.
Eu continuei recusando até que o álcool e a maconha não causavam mais nenhum efeito sobre mim. Não, eu não usei por que fiquei com medo que me chamassem de fraca, foi uma decisão minha.
Eles pareciam estar muito melhores que eu, estavam se divertindo mais, a música era melhor no mundo deles. Acho que foi ai que pensei "é só uma vez, não vai mudar em nada minha vida". Sim eu estava errada, nunca é só uma vez e isso muda sua vida pra sempre.
Quando eu pedi cocaína eles ficaram meio espantados e perguntaram se eu tinha certeza disso. Nunca tive tanta certeza na minha vida..
Uma carreira, duas, três, a noite ficava melhor a cada carreira.
Você quer que eu descreva a primeira sensação?
Parece uma enchente. É como ficar em pé na frente de um trem descendo uma montanha a toda velocidade. É como se você tivesse ficado doente por muito, muito tempo, e de repente se sentisse melhor. Você fica feliz. Se sente ridícula de tão feliz. Você sente uma vontade estúpida de rir do mundo inteiro.
A sua pele fica toda formigada, como se você estivesse levemente queimada de sol.
Passamos um bom tempo cantando e dançando entre as ruas. Caio começou a ficar paranoico e dizer que eu estava passando dos limites, então ele começou a me abraçar pra me proteger de mim mesma. Odiei aquilo, o achei patético, eu queria voar.
Um grande problema é que você fica distraída, o que pode te levar a um acidente sério se você corre entre os carros.
É uma coisa que te exige muito fisicamente, e é por isso que não deve ser feita com regularidade. Você não pode viver sob o efeito.
Nas primeiras horas é como se você tivesse 15 metros de altura e seus nervos feitos de ouro. É como se o mundo e você estivem no mesmo ritmo.
O problema esta no depois, quando você começa a voltar ao normal e sua boca fica com um gosto de cinzeiro, qualquer comida parece ser feita de espinhos, água te faz vomitar e respirar te deixa tonta.
Porque eu disse que me arrependi? Vou explicar isso agora.
Quando comecei a ficar sã de novo comecei a pensar em tudo que fiz. Saber que tinha acabado de voltar da "viagem" de uma das coisas que eu mais repugnava no mundo me fazia ficar com nojo de mim, eu estava me sentindo suja. Eu havia traído a mim mesma e a sensação era de uma faca entrando lentamente no lado esquerdo do meu peito.
Só lembro de começar a chorar e sentar na calçada, Caio e o cara dos dreads me abraçaram e perguntaram se eu estava bem.
Oras, que merda de pergunta é essa? Se eu estava bem??
Isso me fazia chorar mais ainda, até que decidi sair correndo de lá, deixei Caio sem dizer nada e sai correndo pela cidade, não sabia pra onde estava indo, só sabia que deveria correr.
Quando percebi que já havia corrido mais de dois quilômetros resolvi sentar e pensar no que fazer, fumei um maço de cigarros que Caio tinha comprado pra mim até que decidisse o que fazer. Andei mais um quilômetro até um terminal de ônibus, estava praticamente vazio. Meu nariz tinha começado a sangrar e eu sequer tinha visto, meu casaco estava sujo de sangue então tirei e fiquei só com uma camiseta fina. Fiquei doente umas duas semanas por ter feito isso.
Uma velhinha parou na minha frente e tentou me ajudar mas eu estava com tanto nojo de mim que não queria que ela me olhasse então comecei a gritar pra que ela saísse.
Fiquei mais algum tempo ali até que consegui me levantar e ir ao banheiro, lembro de ter sujado a pia toda de sangue, era deprimente.
Sentei no chão e fiquei imóvel até me acalmar, queria parecer um pouco normal quando saísse dali. Levantei, arrumei meu cabelo e fiquei me olhando no espelho até enjoar do meu rosto.
Aquela meia-hora esperando o ônibus foram as piores da minha vida, minha roupa arranhava minha pele e eu me sentia despedaçada, como se eu tivesse sido atropelada com muita força mas mesmo assim levantasse e continuasse andando.
Coloquei os meus fones pra tentar me distrair mas as luzes me cegavam cada vez mais, isso sem falar na dor de cabeça insuportável. Acho que dormir no ônibus a caminho de casa.
Quando estava chegando na minha rua eu não aguentava o peso do meu corpo e cai no chão, não conseguia me levantar de jeito nenhum. Tive muita sorte de que um antigo amigo meu que eu não falava a alguns anos me reconheceu e resolveu me ajudar mesmo depois de tudo que fiz a ele. (isso já é outra história)
Ele me deixou em frente ao meu portão sem me dirigir uma palavra, e do mesmo modo foi embora. Foi uma luta atravessar o quintal e subir as escadas, elas estavam enormes nesse dia.
A ultima coisa que me lembro foi de ter me jogado em cima da cama e do meu irmão jogando um cobertor sobre mim, o resto já da pra imaginar não é?!

Acabaram as perguntas? Agora que eu havia me acostumado com isso, confesso que foi divertido até!

Ah, tem mais uma aqui, deve ser de alguma velhinha com pena de mim: "Você acredita em Deus?"
É um jeito estranho de terminar isso, mas não, eu não acredito no seu Deus...

Um comentário:

  1. Seu blog é lindooo...!
    Olha lá meu novo blog.:
    just-a-girl21.blogspot.com
    Beijos

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