sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Eu sou a pior espécie da minha geração. Puta, carente, cheia de tesão e mimada como o diabo. Reclamo com os olhos lacrimejando e a barriga cheia, enquanto os celibatos, os católicos e os vegans me olham com reprovação, bravejando minha infâmia, minha falta de educação. Foi porque não nasci pra ser educada. Nasci pra rasgar os livros e dar dedo pra deus e pra bíblia e pros fiéis. Nasci para cuspir em cima do que me ditaram. Não nasci pra soletrar e nem mesmo para acreditar nas verdades inventadas por cristãos infelizes. Não nasci pra sociedade moldar meu sentido vital, se alimentar do meu sangue e me dizer que eu não deveria abrir as pernas pra qualquer um. Garotas nascem com suas mães ditando que não podem ser assim, que têm que cruzar as pernas e não mostrar os dentes. Eu abri um rasgo no meu rosto para que pudessem enxergar minha arcada e se assustassem. Eu sou o pior tipinho de vagabunda que uma sociedade pós-moderna e ao mesmo tempo arcaica pode criar. Eu sou um bebê podre, um fruto sem futuro, sem grandes planos, sem grandes empregos. Eu sou aquele fracasso que sempre é dosado com esperança. Eu sou aquilo que foge aos olhos, como uma experiência que deu errada. Eu faço parte de 80% da população brasileira, mas infelizmente, ninguém dá bola.

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